Gouveia e Melo "profissional" e "bem preparado"

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, considera que o primeiro discurso de Henrique Gouveia e Melo como candidato oficial à Presidência da República “foi bem preparado” e assegura que o almirante “está muito bem assessorado”.
“É um discurso que diz coisas óbvias, mas ditas no tom certo“, afirmou Rui Moreira no programa Explicador da Rádio Observador, esta sexta-feira. “Foi muito profissional. Estou a saudar o profissionalismo. Nós estamos fartos de amadores. A política e a Presidência da República é uma coisa excessivamente séria para poder ser protagonizada por amadores. Ao menos que sejam pessoas competentes”, acrescentou.
Para o autarca do Porto, o almirante — que formalizou na última quinta-feira a candidatura à Presidência da República — coloca-se na posição de “eu não sou político”, à semelhança do que fez Aníbal Cavaco Silva, existindo, assim, “um enorme contraste” com o também candidato Marques Mendes. Gouveia e Melo “quer acentuar este contraste entre ele e o candidato que se conhece, que é Luís Marques Mendes, que é precisamente o contrário, que diz ‘Eu sou mesmo político, eu pus mesmo a mão na massa e eu conheço o que a casa gasta'”, referiu Rui Moreira.
“O que nós precisamos é de um Presidente da República que seja atento, fiscalizador, mas que ao mesmo tempo não contribua para a ingovernabilidade — e é isso que eu também preciso de ouvir de Gouveia e Melo, sabendo já hoje o que Marques Mendes pensa”, concluiu.
Já sobre o novo Governo, o presidente da Câmara Municipal do Porto pediu estabilidade, e para isso, avisa que o próximo Executivo de Luís Montenegro vai ter que negociar com todos — do PS ao Chega. “Parece-me um pouco inevitável. Desde logo, porque vejamos: julgo que relativamente ao Chega haverá alguns acordos que deverão ser feitos, mas não acredito que Luís Montenegro dê o dito por não dito e há muitas coisas que seriam impostas como condição pelo Chega que provavelmente ele [Montenegro] não poderia aceitar. Relativamente ao Partido Socialista, nós não sabemos o que vai ser o PS”, afirmou.
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Nas mesmas declarações, e ainda em referência ao Partido Socialista, Rui Moreira disse que a “vida do próximo secretário-geral não vai ser fácil”, uma vez que o PS é atualmente a terceira força política, atrás do Chega. O partido “vai ter de ir à procura da sua clientela tradicional — muita dela foi para a AD e uma outra para o Chega”, numa altura em que encontra em crescimento “uma nova força política à esquerda que é o Livre”.
O presidente da Câmara Municipal do Porto falou, ainda, da revisão constitucional. Rui Moreira aplaude a decisão de Luís Montenegro de não tornar o tema uma prioridade para já: “Fez muito bem. Porque se já vai ser difícil garantir a governabilidade nesta circunstância, estar neste momento a discutir uma revisão seria um enorme alçapão”.
A terminar, disse que a revisão constitucional “iria aumentar a agressividade entre partidos, apesar de ser um grande defensor de que é preciso e é urgente”. “Não me parece é que seja o tempo e o quadro político para o fazer”, acrescentou o presidente da Câmara do Porto, que está de saída do cargo depois de três mandatos.
Rui Moreira não anunciou o apoio a nenhum dos candidatos às próximas autárquicas, mas revela que sempre teve consideração e respeito por Pedro Duarte, candidato do PSD e antigo ministro dos Assuntos Parlamentares.
observador